fbpx

Ferramentas de Acessibilidade

Destaques

Professor da FABE avalia as mudanças no ensino Pós Covid-19

Na sexta-feira, 15/10, Dia do Professor, o Jornal A Folha Regional, de Marau, entrevistou o doutorando em Letras pela UFRGS, docente da FABE e professor dos colégios Gabriel Taborin e Cristo Rei, Josué Frizon, buscando avaliar a mudança que o ensino sofreu em razão da pandemia da Covid-19. Confira:

"Folha: O período de pandemia do novo coronavírus pode ter significado uma nova oportunidade de crescimento da educação no Brasil?
Prof. Josué: Ao mesmo tempo em que movimentou-se o processo educacional no que tange às tecnologias, afinal, num contexto quase que geral, muito pouco utilizávamos de ferramentas como o Google Sala de Aula, o Meet, o Zoom e outros, houve, em contrapartida, distanciamentos entre educandos e educadores, uma vez que tais ferramentas, e mesmo a internet, não eram e continuam não sendo de acesso a todos. O presente já está nos mostrando algumas lacunas que necessitam ser supridas.


Folha: Como a pandemia impactou o segmento educacional no país? O que mudou? O ensino a distância de hoje é o mesmo do que era no passado?
Prof. Josué: Em consonância com o exposto na resposta anterior, houve um impacto significativo. Infelizmente, mesmo com todo esforço de educadores, os quais tiveram de se “reinventar”, muito se deixou a desejar. Falo de uma realidade que não contempla nossa cidade, que possui um sistema educacional privilegiado, tanto público quanto privado, mas menciono o Brasil como um todo, com suas inúmeras carências. O ensino a distância, agora visto como uma possibilidade de manter-se conectado ao ato de ensinar e aprender, tornou-se uma ferramenta valiosa (nas mãos de quem pode e sabe utilizar).


Folha: O que esperar hoje e para o futuro nesse novo formato de educação?
Prof. Josué: Muito ainda temos de navegar! De certo modo, o sistema educacional, como vinha (ou vem) ocorrendo, está fadado ao fracasso. Nós (professores, gestores educacionais, comunidade escolar) sabemos das necessidades de se reinventar, de procurar atrair crianças e jovens para uma aprendizagem mais significativa. No entanto, continuo afirmando que é necessário fazer muito, sobretudo investir em políticas públicas que de fato façam a diferença no âmbito educacional. Se a educação é a base para a transformação da sociedade, então ela necessita ser olhada com mais carinho e atenção. Educação é algo muito sério, não pode ser tratada como um faz de conta.


Folha: Amanhã é o Dia do Professor. Como você avalia a importância e a valorização do professor na sala de aula? Hoje o professor é mais ou menos valorizado e respeitado enquanto educador?
Prof. Josué: Embora seja evidente e necessário o uso de novas tecnologias nos ambientes escolares, nada substitui o trabalho de um educador. Isso porque, a tarefa de ensinar vai além da transmissão de conhecimentos, de conteúdos. Jorge Larrosa, em sua obra Pedagogia Profana, enfatiza que um professor “é alguém que conduz alguém até si mesmo”, ou seja, bem mais do que ensinar, auxiliamos nossos educandos a “se encontrarem na vida” e em seus próprios caminhos. Sendo assim, necessitamos de uma maior valorização não somente dos órgãos governamentais, mas também da sociedade como um todo. Quantos profissionais, que atuam plenamente nas mais diversas áreas, já passaram por nossas mãos enquanto alunos? Certamente, muitos mestres cruzaram suas vidas e os ajudaram a chegar onde estão. É um pouco complicado comparar a valorização do professor no passado e no presente. Os tempos são outros, os educandos têm perfis diferentes e até mesmo a percepção a respeito do papel da escola na sociedade vem se modificando com o passar do tempo. Mas, certamente para muitos professores o amor por ensinar continua o mesmo. Estamos aqui, persistimos acreditando que seremos mais valorizados e que nosso trabalho faz a diferença. Para um verdadeiro educador, ainda há a esperança de transformar o mundo por meio da educação.


Folha: Na sua opinião, qual a forma mais correta de educar nossos jovens no momento atual?
Prof. Josué: Eu acredito firmemente que educar não é tarefa para todos! Há que se ter discernimento de que podemos contribuir significativamente na vida de nossos educandos ou, ao contrário, marcá-los negativamente. Nesse sentido, creio que ainda educamos pelo exemplo, fisgando, fazendo vir à tona, aquilo que há de melhor em cada um deles. Conectar-se às crianças e jovens, buscando instigá-los a apreender, conhecer e desenvolver suas potencialidades e habilidades é o primeiro passo para uma educação que valha a pena. Acredito que um professor tem que ter alma de educador e, sobretudo, amar o que faz."

 

 

josue

Categoria: